Significar o insignificante


“Benditos sejam os instantes e os milímetros, e as sombras das pequenas coisas”
                                            Fernando Pessoa. Livro do desassossego

Já venho há alguns dias meditando sobre a importância do insignificante. Parece que vivemos um turbilhão de coisas, de emoções, de experiências, de medos e incertezas. Vivemos de um lado para o outro, sem tempo para nada. Parece que no fim esquecemos de tirar um tempo para nós mesmos.

E eis que em um momento caminhando no jardim da casa de espiritualidade de algumas religiosas onde estou dando retiro tive uma intuição sobre a mística do instante. Respirar o ar do alto da colina, deixar o sol aquecer-nos no inverno, ouvir o canto dos pássaros...isso é tão místico, é um encontro de amor, talvez encontro com o sentimento mais puro de sentir-se agraciado pela oportunidade das pequenas coisas que Deus nos brinda.

Evidentemente a realidade me faz perceber que não se pode viver aí pra sempre. É preciso ter os pés no chão, reconhecer que a existência está cheia de desafios, de projetos e de rotina. Porém esse pequeno instante de mística, talvez segundos, faz com que a o pulmão da vida se encha de ar novo.

Benditos são esses instantes e milímetros, e as sombras das pequenas coisas!

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